segunda-feira, 15 de setembro de 2008

República da inveja e do pavor

http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=4965

por Christina Fontenelle

em 10 de junho de 2006

Resumo: Os homens enfurecidos que saem às ruas para roubar, seqüestrar e matar não o fazem por fome nem por falta de oportunidades e sim, por uma inconfessável e profunda inveja.

© 2006 MidiaSemMascara.org

Esse artigo foi escrito em solidariedade a mais um brasileiro morto pelas mãos das Forças Armadas Criminosas que atuam livremente em nosso país. Rodrigo Netto, guitarrista da banda Detonautas foi morto em tentativa de assalto, na zona norte do Rio de janeiro, no domingo, dia 4 de junho, quando voltava para casa da festa de 90 anos de sua tia-avó. Estavam no carro, junto com ele, o irmão Rafael Netto, que também foi baleado e está hospitalizado, e a aniversariante, que não foi atingida pelos disparos dos assaltantes. Às vésperas da Copa do Mundo, os brasileiros estarão a torcer por um Brasil que não existe – um nome vazio, sem Estado de Direito; um pedaço de terra governado de fora para dentro para os que dele se apossaram.

Estamos nós brasileiros a ser vítimas de um genocídio escandalosamente público contra o qual não temos a menor condição de reagir, porque o mundo inteiro insiste, criminosa e maquiavelicamente, em dizer que a criminalidade que tomou as ruas e todas as esferas sociais do país é fruto das desigualdades sócio-econômicas.

Mentira deslavada! Ela é resultado de anos e anos de uma propaganda sórdida que disseminou culpa e vergonha do que são e do que têm entre as pessoas que trabalharam duro e honestamente por tudo aquilo que conquistaram, ou ainda entre os que pecaram por nascer em berços mais afortunados. Simultaneamente, colocou na cabeça dos que talvez tivessem que se esforçar mais ainda para conquistar as mesmas coisas, que os mais abastados tinham a obrigação "cívica, moral e cristã" de repartir o que quer que tenham conseguido – o que fez com que os primeiros acabassem pensando que isso tivesse que ser obrigatoriamente feito por bem ou por mal.

Culpa e inveja foram manipulados para que se travestissem de senso de justiça. Senso esse que, ainda que deturpado, repousa nos mesmos argumentos sobre os quais o fazem as conquistas sociais que realmente tenham contribuído para trazer mais justiça para o convívio social, na evolução da humanidade. Um bom exemplo disso, dentro desse processo evolutivo, foram as mudanças que ocorreram nas sociedades em que prevalecia o privilégio hereditário e não a competência para o desenvolvimento político, social e econômico dos indivíduos que nela viviam. Foi um progresso, sem dúvida. Mas, quando desapareceram os princípios hereditários, entretanto, surgiram as inevitáveis diferenças individuais (competência, habilidade, ambição, etc.) que acabaram por criar discrepâncias de status tão enormes quanto as que eram produzidas pela estratificação hereditária da sociedade. Não há como negar que tanto a hereditariedade quanto o igualitarismo já demonstraram proteger os incompetentes – a primeira por motivos óbvios e o segundo por acabar penalizando os mais competentes, exigindo que os indivíduos sejam tratados em grupos ou categorias.

"Cansei de dizer para ele se desfazer daquele carro de luxo porque despertava a cobiça das pessoas" - Taxista Gilberto Silva Neto, 65 anos, pai do músico morto.

O igualitarismo faz com que os indivíduos transfiram para o social o fardo insuportável de sua própria incompetência. Isso se dá no plano virtual. No plano real, o Estado "justiçador" se encarrega de inibir a ascensão da competência, muito especialmente da que está intimamente relacionada com a inteligência. Uma coisa é certa: um indivíduo "intelectualmente desprivilegiado" que faz sucesso e ascende social e economicamente provoca muito menos inveja e representa uma ameaça muito menor ao status quo estabelecido do que um cérebro privilegiado nas mesmas condições .

A ideologia que está por trás do fomento da luta de classes nada mais é do que a forma de manipular e de convencer milhões de pessoas a atribuírem ao Estado uma função reguladora e mediadora que na realidade não faz parte de sua imposição originária, que é a de garantir a segurança daqueles que têm que educar, cuidar, tratar e pesquisar (na retaguarda da sociedade), para que os que tenham que produzir riqueza e gerar desenvolvimento possam fazê-lo em paz. O mais imbecil de todos os seres humanos sabe que o maior dos entraves para o desenvolvimento em qualquer sociedade é a falta de segurança. O resto vem depois.

"Organizei a festa e agora me sinto até um pouco culpado" - O padrinho de Rodrigo, José Antônio Neto, 56 anos.

A figura do Estado regulador, marxista por excelência, é a forma que os sedentos de poder (invejosos incompetentes) encontraram para obter dinheiro dos que trabalham para distribuir o mínimo necessário a fim de manter um exército de aspirantes a dias melhores sob constante controle. Fingem que distribuem riqueza, mas o fazem na medida de alimentar uma esperança de ascensão sócio-econômica que jamais virá, para uma multidão de pobres emburrecidos, não pela falta de educação mas, ao contrário, muitas vezes através dela própria, com um sistema de ensino que tira das massas as condições de refletir e de pesquisar, e que serve como instrumento de dominação por lavagem cerebral. É o maior estelionato da história da humanidade.

A manipulação da inveja e da culpa travestidas de justiça social engessou os pobres na posição de incompetentes e de incapazes, para extrair da já sabida frustração que essa condição produz, o ódio necessário que alimenta a também sabidamente falsa, necessidade permanente da luta de classes. Dividir para dominar, tirar dos homens a confiança em seus instintos e fazer com que uns tenham pavor dos outros (impedindo, pois, a sua aproximação) é o terreno fértil para plantar e deixar enraizar o Estado "justiçador" – para imensurável delírio dos que dele se apoderam para viver como reis, do trabalho de uns e da miséria de todos.

Taxação excessiva, confisco, desapropriação, nacionalização e outras tantas medidas do gênero são praticadas pelo Estado "justiçador", com intuito de empobrecer os mais ricos e não de enriquecer os pobres. Quando organizada e levada às últimas conseqüências, a inveja, sob o manto de "justiça social", com a bandeira do igualitarismo, conduz ao autoritarismo estatal para expropriar os invejados daquilo que têm para que os invejosos conquistem aquilo que nunca tiveram competência para produzir ou obter por meios legítimos.

"Esse aqui é mais um cidadão brasileiro, mais uma pessoa de bem que foi vítima dessa violência que está por ai, por causa desses que roubam o dinheiro da gente e ninguém faz nada"

Porém, o despotismo estatal não pode evitar que alguns indivíduos tenham desempenho superior ao de outros, porque, ao contrário do que insistem em tornar verdade, os homens não são iguais – POR NATUREZA. Reparem que, apesar de o Estado tentar suprimir toda e qualquer forma de distinção, as próprias pessoas, individualmente, elegem para si os melhores médicos, os professores mais competentes, os artistas que mais lhe agradam e assim por diante. A desigualdade de desempenho leva à desigualdade de compensação. Só há uma maneira de seqüestrar o livre desenvolvimento da competência individual do cidadão: instalando o terror, a insegurança. É por isso que o Estado autoritário "justiçador" em processo de implantação precisa do caos e do terror promovidos pelo crime organizado, desde os congressistas aos assaltantes de rua, passando pelos movimentos "populares" organizados (UNE, MST, etc.).

O líder do grupo musical Detonautas, Tico Santa Cruz, no enterro de Rodrigo, disse à TV Bandeirantes: "São os trabalhadores, a gente honesta deste país, que estão freqüentando os cemitérios para enterrar seus mortos, vítimas da violência e do descaso das autoridades"

Impedido de criar e de produzir tanto pelo excesso de burocracia e taxação como pela insegurança instalada, os indivíduos que poderiam usar sua competência, não só para evoluir pessoalmente, mas também para promover o desenvolvimento econômico-social, vêem-se impossibilitados de atuar e, conseqüentemente, forçados a permanecer estagnados na posição social em que se encontram. Eu poderia passar horas falando das conseqüências desse tipo de ciclo vicioso mas vou apenas lembrar de um episódio da vida nacional: quando o Presidente Fernando Collor de Mello promoveu o confisco monetário, logo no primeiro dia de seu mandato, muitos pobres comemoraram, não por melhorarem de vida, mas porque adoraram ver os ricos desesperados dizendo que estavam pobres. Aos poucos, quando começaram a ser sumariamente demitidos, em massa, descobriram que estavam a comemorar a própria desgraça.

Os homens enfurecidos que saem às ruas para roubar, seqüestrar e matar não o fazem por fome nem por falta de oportunidades e sim, por uma inconfessável (talvez até inconsciente) e profunda inveja. Nada do que venham a ter os fará parar de matar porque o que não suportam é a simples presença física daqueles que eles julgam superiores, não pelo que têm, mas pelo que são. E isso não é coisa que se possa tirar de ninguém a não ser quando se lhe tira a própria vida. Matar a felicidade – essa é a razão da violência que estamos a assistir nesse país.

Seqüências lógicas inexplicáveis

http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=4913

por Christina Fontenelle

em 27 de maio de 2006

Resumo: A seqüência coordenada de fatos vai construindo um cenário extremamente confuso na mente da maior parte da população, que acaba por lhe impedir a formação de uma só opinião segura a respeito de qualquer assunto.

© 2006 MidiaSemMascara.org

No nosso cotidiano as coisas costumam acontecer desordenadamente, mesmo que no final de cada dia possamos descrever uma seqüência lógica (ainda que essa lógica esteja sob a ótica particular de cada um) de acontecimentos, de ações e de reações. Ou seja, conforme interagimos com o que vai se apresentando diante de nós, vamos escrevendo a nossa estória que acaba sendo determinada por uma conjunção de fatores: a maneira como reagimos aos estímulos, os nossos valores, a nossa disponibilidade financeira, etc. As coisas não acontecem em nossas vidas de forma ordenada, uma de cada vez, ou uma em concordância com a outra.

Vamos apelar para um exemplo. A gente acorda e sai para trabalhar. No caminho, um imprevisto: o carro enguiça. Pronto, já bagunçou toda a nossa agenda. Colocamos nossa atenção e esforço para resolver aquele problema e tentar retomar as atividades que estavam dentro das previsões. Suponhamos que esse esforço seja interrompido pelo telefonema de um filho que não esteja se sentindo bem na escola e que nos pede para ir buscá-lo. Na verdade o desfecho dessa estória não vem ao caso. O que nos interessa é que na vida de cada um de nós, as coisas acontecem paralelamente e não ficam a esperar que um problema se resolva para que outro apareça.

Imaginem, então, ampliando esse raciocínio, como deve ser o dia a dia de um homem que trabalhe na presidência de um país como o Brasil. Não é preciso ser nenhum gênio para concluir que milhares de coisas aconteçam ao mesmo tempo, a maioria delas sem conexão umas com as outras e de caráter os mais diversos possíveis. A OPEP não pede autorização para aumentar o preço do petróleo, o ciclone tropical por sua vez, não espera que o país analise a questão dos reflexos desse aumento na economia, para varrer uma cidade do Rio Grande do Sul, causando enormes prejuízos. Assim, as coisas vão acontecendo atropeladamente...

Entretanto, nos últimos quatro anos, os grandes acontecimentos de repercussão nacional não parecem estar respeitando essa cadência natural de simultaneidade. Ao contrário: manifesta-se um extraordinário fenômeno de ordenamento seqüencial digno do estudo dos mais proeminentes profissionais do mundo nas áreas de História e de Ciência Política. Os fatos que abalam o país, bem como suas conseqüências imediatas, acontecem de maneira ordenada, um de cada vez, ficam em evidência por períodos que variam entre 15 e 40 dias e são intercalados por apreensiva expectativa e pelas constantes revelações de abusos, corrupção e ilegalidades praticadas pelos governantes do país.

Tudo bem. Na realidade as coisas não acontecem assim. Mas, o importante é que parecem que desta forma o fazem, na medida em que o noticiário oculta sistematicamente aquilo que não convém ao esquerdismo que serve e ainda faz o favor de, ao noticiar o que lhe parece conveniente, ou o inevitável, o fazer de maneira vergonhosamente distorcida e às vezes pior: mente mesmo. Temos assistido, principalmente na TV, a operação de um fabuloso laboratório de lavagem cerebral que faz questão absoluta de desinformar informando.

A coisa funciona como um tratamento de choque intermitente - posto que tudo parece estar metodicamente planejado. Reparem nesta seqüência, por exemplo: Palocci e o caseiro, até a demissão do Ministro; MST/Via Campesina invadem o horto florestal da empresa Aracruz Celulose; Evo Morales e a Petrobrás; MST/CUT/UNE ameaçam desencadear desordem pública caso o projeto de impeachment de Lula prossiga; e São Paulo vitimado pelo terrorismo - com destaque para a ligação ideológico-estratégica entre os três últimos fatos.

É como se o MST desse seu recado e parasse temporariamente de agir para que entrasse em cena Evo Morales. De repente o índio boliviano dá um tempo para abaixar a poeira e o PCC ataca São Paulo, coincidentemente quando a sociedade começa a se mobilizar em manifestações populares por todo o Brasil - omitidas ou no mínimo muito mal destacadas pela mídia - e quando acontece um grande encontro em prol da democracia, no coração de São Paulo, o Seminário Sobre Democracia Liberal - Democracia, Liberdade e o Império da Lei. Uma sincronia muito pouco provável entre acontecimentos aparentemente independentes.

Pior. Essa seqüência coordenada de fatos vai construindo um cenário extremamente confuso na mente da maior parte da população, que acaba por lhe impedir a formação de uma só opinião segura a respeito de qualquer assunto que seja, uma vez que a realidade acontece de uma forma e o partido do governo, ajudado pela mídia de grande alcance, desmente oralmente aquilo que se está a ver acontecer. Uma covardia.

O aparelhamento de parte do Estado e da mídia permite que a esquerda comuno-populista permaneça no comando do país. Qualquer esforço no sentido de reagir aos desmandos dessa gente é imediatamente combatido, ora pelo uso do aparato fiscal e/ou policial, ora pela manipulação de informações disseminadas na mídia (inclusive com omissões criminosas) ou ainda pela coordenação de ações terroristas - evidenciando o uso da indústria da pobreza, da onguinização e do crime organizado para impor o medo e não só permanecer no poder como também ampliá-lo cada vez mais.

Depois disso tudo, Lula ainda é o favorito nas últimas pesquisas eleitorais divulgadas esta semana. Só tem uma explicação e ela foi muito bem articulada no discurso de abertura do Seminário Sobre Democracia Liberal, do Dr. Heitor De Paola, citando Alexander Tyler: "Uma democracia não pode existir como uma forma permanente de governo. Só pode existir até que os eleitores descubram que podem votar por mais dinheiro do tesouro público para si mesmos. Deste momento em diante a maioria sempre votará nos candidatos que prometem a distribuição de mais dinheiro do tesouro público, tendo como resultado que uma democracia sempre acaba em razão de políticas fiscais frouxas, liberais e irresponsáveis e são seguidas por uma ditadura".

O que eu espero, sinceramente, que o eleitor, apesar de não estar entendendo nada muito bem, seja levado a votar no sentido de acabar com essa sensação de mal-estar que se abate sobre ele, ao ver tanta sujeira, tanto disse-me-disse e tanta euforia em torno de números positivos na economia que definitivamente não retratam o seu cotidiano. Brasileiro não gosta de guerra, nem de bombas e muito menos de festival de desgraça e destruição. Pode ser que isso conte na hora de votar - se é que nessa altura do campeonato ainda possa haver confiança na lisura e na segurança das urnas e do processo eleitoral.

Um recado: poder ou guerra civil

http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=4881

por Christina Fontenelle

em 19 de maio de 2006

Resumo: Que tributo é esse do Fantástico ao "seu guarda", que a mídia e os sucessivos governos esquerdo-falso-democratas passaram anos fazendo o favor de reduzir a "troglodita mal pago e corrupto"?

© 2006 MidiaSemMascara.org

Não me venham com essa estória de caras e caretas de quem está surpreso e horrorizado diante do espetáculo de violência e terrorismo que o crime organizado está promovendo em São Paulo e que já se espalha por outros Estados do país. Isto está prometido há muito tempo e não é nada mais que a versão urbana do que vem sendo feito pelo MST e por outras organizações do gênero fora dos grandes centros urbanos.

Os objetivos são claros. O primeiro deles é mostrar que Geraldo Alckmin foi incompetente no Governo de SP ao tratar das questões de segurança pública, inclusive no que concerne à prevenção da criminalidade, principalmente pelas vias do investimento em educação, tão apregoado por aqueles que se escudam no discurso que associa criminalidade à falta de instrução, para justificar a própria condescendência explícita em relação ao crime organizado. Na primeira oportunidade que teve, antes mesmo de retornar de Viena, onde recebeu da imprensa mundial o título de "humilhado do ano", o Presidente Lula não se deu nem ao trabalho de disfarçar: "Choque de gestão (expressão muito utilizada por Alckmin) significa cortar gasto, significa mandar gente embora. Eu prefiro utilizar um choque de inclusão"..." Na hora em que você não investe em escola, vai ter de investir depois numa cadeia"

O Apedeutista tem que apelar para isso mesmo, já que as quantias e os motivos que envolvem o nome do ex-Governador de SP em supostos casos de corrupção ou de conduta ilícita beiram o ridículo, se comparadas às práticas do PT - mais do que evidentemente conhecidas pelo Presidente, antes de se tornarem públicas.

O governo retrógrado esquerdopata do PT – aquele que foi alçado ao poder pelas vias democráticas - acabou. O que vimos assistindo é um golpe de Estado de uma quadrilha organizada, de fora para dentro do país, para permanecer no poder. Falta de apelo popular, de povo nas ruas, é o que alegam as mais diferentes Instituições – hipócritas – para não fazer o que deve ser feito em nome do Estado de Direito democrático da República Federativa do Brasil. Não há outra saída para o povo brasileiro, abandonado por todos aqueles que poderiam agir, senão o caminho das manifestações em massa, pelas ruas do país, para deixar claro, pela enésima vez na História, que o Brasil não quer o populismo comunista.

Essa é a segunda razão do terrorismo urbano: impedir que as pessoas venham às ruas, pelo medo da violência e da crueldade dos agentes do crime organizado – como se a primeira das razões não fosse sórdida o bastante. O negócio das transferências de presos é cortina de fumaça – quando muito, motivo para unir o útil ao agradável. Na cartilha pela qual esse pessoal "lê" – coisa de guerrilheiro profissional – há um sem número de evidências de como o crime comum, organizado, pode servir às forças políticas (Fidel e Hugo Chávez que o digam).

São 45 rebeliões em presídios espalhados pelo país, com 200 pessoas mantidas como reféns. Foram, até agora, 150 atentados a bases e postos policiais de SP, sendo 20 deles fora da capital paulista. Nove terminais de ônibus estão fechados e 80 ônibus foram queimados, na grande São Paulo. Treze agências bancárias atacadas. Segundo boletins da Secretaria de Segurança de São Paulo, a ação terrorista já provocou a morte de 70 pessoas – a maioria delas policiais vitimados pela ação covarde de bandidos, em emboscadas e ataques gratuitos. Um soldado do 2º Grupamento dos Bombeiros, em Campos Elíseos, região central da cidade de SP, foi friamente alvejado, na madrugada de sábado (13/05), por homens armados que atiraram contra a portaria do quartel.

Há muito que venho dizendo que a maior herança do Governo petista seria a divisão do povo brasileiro. Acertei na mosca. Não há limites na luta pelo poder: ou fica tudo como está ou viveremos uma guerra civil para devolver o Brasil aos brasileiros e para retomar os rumos da democracia.

Dizem que nunca é tarde... Às vezes é. O tributo aos policiais feito pelo Fantástico, na noite do domingo, 14 de maio, chega muito tarde, sim, depois de o programa dominical passar anos a fio dando voz a toda uma infinidade de pessoas que só fazem lucrar com a manutenção do esquerdismo mentiroso que levou ao governo da nação a corja de bandidos que está hoje no poder e ainda de dar um imenso e valioso espaço a todos aqueles defensores dos direitos humanos de criminosos (o que seria menos grave se não fosse em detrimento de suas vítimas). Agora está cheio de valentes comunicadores espalhados pela mídia falando que houve excessos na condução das políticas de direitos humanos no Brasil. Houve sim, todo mundo sabia e a mídia tem muita responsabilidade sobre a situação desastrosa em que se encontra nosso país.

Na hora de execrar publicamente a imagem dos policiais que invadem presídios para acabar com rebeliões de lunáticos assassinos, não sabem o que estão a fazer? Na hora de exibir "Falcões" com apocalípticas coitadizações de gente que opta pelo crime, não sabem o que estão a fazer? Na hora de debochar da ação de militares do Exército que estavam, na medida do possível, mostrando reação à atuação de bandidos contra quartéis das FFAA, não sabiam o que estavam a fazer? Na hora de dar voz a promotores do MP que entraram com processo contra a ação do Exército no RJ, por suposta violação de direitos humanos, não sabem o que estão a fazer?

Que indignação é essa? Que tributo é esse do Fantástico ao "seu guarda", que a mídia e os sucessivos governos esquerdo-falso-democratas passaram anos fazendo o favor de reduzir a "troglodita mal pago e corrupto"? Tributo não é suficiente. Mostrar a verdade que está por trás do esquerdismo revanchista que reina no país, tentando escrever mentira no lugar de história, seria apenas o começo de um tardio e merecido pedido de desculpas, aos homens que deram e dão suas vidas pela liberdade de todos os brasileiros – inclusive pela daqueles que os massacram nos jornais, no rádio e na TV.

No enterro de um destes policiais, já não me lembro de qual deles – infelizmente – um menino de 5 anos chamava pelo pai, aos gritos entrecortados pelos soluços do choro de infinita dor e tristeza, enquanto acompanhava o caixão que levava o corpo do seu herói amado. Espero que os gritos do menino atormentem a consciência de todos os covardes omissos deste país, pela eternidade. Desejaria o mesmo para os assassinos e traidores da pátria, mas jamais serei capaz de compreender do que é feita a consciência dessa gente.

Acorda Gigante!

http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=4837

por Christina Fontenelle

em 07 de maio de 2006

Resumo: Que reação mais contundente é essa que muitos esperam ver, diante dos desmandos petistas? O povo nas ruas? Ora, o povo não vai às ruas sozinho. Deve haver uma organização por trás da sua movimentação.

© 2006 MidiaSemMascara.org

Vamos ser claros de uma vez por todas: o aparelho petista (com destaque para CUT, UNE e MST) e a coligação latino-americana da ditadura populista já deixaram evidente que, nas próximas eleições, só pode dar Lula, por bem ou por mal. O próprio auto-ungido líder dessa aliança latino-americana, Hugo Chavez, presidente da Venezuela, veio ao Brasil e disse que, agora, devemos ficar com Lula e, depois, que venha Stédile (um dos líderes nacionais do MST), como seu sucessor "natural" (1).

Foi em Curitiba, ao falar para uma multidão de militantes da Via Campesina, MST, sindicalistas e estudantes que Chávez, além de chamar Lula de "herói do Brasil", defendeu a reeleição do "companheiro", dizendo que os movimentos populares não podem permitir que a direita volte ao poder. O PFL (Partido da Frente Liberal) denunciou que o presidente venezuelano tem um "projeto" para o Brasil que passa pela reeleição de Lula, pela atuação urbana do MST (com a ocupação de áreas não edificadas e de residências consideradas de luxo), pelo controle das Universidades (transformando-as em bases de ação) (2) e pelo controle de ao menos uma rede de comunicação de massa (comprando redes de rádio e TV, com dinheiro venezuelano). Chavez já estaria ajudando a campanha de Lula com o pagamento de marketeiros que estariam servindo ao candidato. Um dos coordenadores "informais" da tal campanha seria o senhor José Dirceu de Oliveira (é ele mesmo!) que, inclusive, já teria negociado com o mandatário da Venezuela um "gás" de US$ 4 milhões de dólares para manter o PT no Planalto.

A mim muito me admira que as pessoas estejam todas estarrecidas com a falta de reação do povo, para cobrar atitudes mais severas por parte do Congresso e de outras Instituições, diante dos desmandos do PT e da divulgação dos sucessivos casos de corrupção e crimes praticados pelo atual governo, principalmente depois da denúncia do Procurador Geral da República, Antonio Fernando Souza, afirmando claramente que 40 pessoas, intimamente relacionadas com o atual Presidente, formaram uma quadrilha de cujos atos o maior beneficiário teria sido o próprio Presidente, não só para chegar ao poder, como para se manter nele por longos anos.

Entretanto, parece que parte da imprensa, do Congresso, do Ministério Público e da Polícia Federal têm feito tudo que esteja ao alcance da legalidade para escancarar a criminalidade governamental através de denúncias, de pressão política, de investigações e até de indiciamentos de inúmeras pessoas por diversos crimes. Ou mal ou bem, políticos foram cassados e figuras importantes do governo perderam seus cargos. O governo é que está usando o "aparelhamento militante" que montou na sociedade e no Estado brasileiros para impedir que, dentro da legalidade e do regime democrático, seja possível colocar um ponto final nisso que insistem em chamar de "crise política", quando na verdade todos sabemos tratar-se de um golpe no Estado, para tomar o poder e fazer do Brasil uma ditadura branca disfarçada de democracia.

Que reação mais contundente é essa que muitos esperam ver? O povo nas ruas? Ora, o povo não vai às ruas sozinho. Deve haver uma organização por trás da sua movimentação. Quem coloca a população na rua para protestar são movimentos organizados, devidamente financiados, e que, ainda por cima, possam contar com o apoio e incentivo da mídia de grande alcance, principalmente a televisiva. Foi assim com as Diretas Já e com os Caras Pintadas, no episódio do impeachment do Presidente Collor. Espero sinceramente que, nesta altura do campeonato, ninguém ainda ache que toda aquela gente na rua tenha sido obra do sentimento incontrolável de indignação e de patriotismo de cada um. A própria organização petista tem muito a ver com tudo aquilo.

Agora não é mais assim. Primeiro, porque grande parte da imprensa está inteiramente envolvida com o projeto de poder do PT. Segundo, porque há muitas "vítimas" no empresariado, no Congresso e dentro das próprias Instituições, de material de chantagem do partidão – velha e conhecida tática comunista. Roberto Jefferson manifestou-se como exceção ao "abrir o jogo e dar a cara a tapa" e, por isso mesmo, foi logo emparedado (ainda que justamente, como deveria ter acontecido com todos os envolvidos – coisa que não vem ocorrendo) e serviu de exemplo. Nesse mesmo sentido (o de servir de exemplo), temos ainda Celso Daniel (ex-Prefeito de Santo André), oito testemunhas do caso de seqüestro e morte desse ex-prefeito, e Toninho do PT (ex-Prefeito de Campinas) – todos assassinados.

Em terceiro lugar, e o mais grave de todos os motivos, é o medo. Não há condições de segurança para que haja uma mobilização de pessoas ordeiras para exigir punições, responsabilização de Lula sobre os crimes contra a Nação ou mesmo manifestações explícitas de que os brasileiros não querem Hugo Chávez dando palpites aqui dentro de nosso país, como se fosse o quintal da Venezuela. Uma coisa é ir para as ruas e correr o risco de ser preso ou de tomar umas cacetadas da Polícia. Outra coisa bem diferente, é ser agredido por agentes mandados do tráfico de drogas, em algumas cidades e por fanáticos radicais alucinados (muitos dos quais treinados com táticas de guerrilha urbana - a milícia petista), que não estejam sob as limitações da lei para agir.

É isso que ninguém ousa dizer ou admitir: estamos perdendo o Brasil para um bando de recrutas armados de ideologia comunista, radicalismo, ódio e violência – todos escancaradamente financiados pelo "Estado do PT", com dinheiro dos cofres públicos e quiçá vindo de fora do País. Reféns da fantasia revanchista e da falsa democracia que toda a sociedade ajudou a construir - por omissão ou conivência - nas escolas, nas universidades, na mídia e em todos os cantos, as pessoas não têm coragem de admitir que, novamente, precisam de um braço armado para tirar os lunático-populisto-comunistas do poder (que elas mesmas lhes entregaram, pelas mãos da democracia). Ninguém admite que 1964 esteja batendo à porta do Brasil outra vez e que, afinal, ao que parece, algumas das prisões e das perseguições feitas durante os chamados "anos de chumbo" não eram tão injustificadas assim, já que está cada vez mais evidente que muitos dos que diziam estar lutando pela democracia, hoje demonstram que não são tão democratas quanto se diziam ser e muito menos tão éticos e honestos quanto se faziam parecer. (O presidente da Comissão de Anistia, Marcello Lavenère, outro dia deu 100.000 reais de indenização a José Genoino, por exemplo, um dos onze petistas denunciados pelo procurador-geral da República, como assaltante dos cofres públicos).

Não é possível que ainda haja quem acredite que essa gente vá largar o poder pelos resultados das urnas (se é que se possa confiar nelas). Nada é capaz de parar essas pessoas. Basta olhar para o que está acontecendo à nossa volta: José Dirceu circula para lá e para cá, articulando, por fora, a campanha para a reeleição de Lula; Paulo Okamoto segue, até hoje, blindado por "forças judiciais", sem explicar como e porquê pagava as contas de Lula; Antônio Palocci vive nababescamente, bem acima de suas posses, apesar de já ter sido indiciado em vários inquéritos policiais e de não mais fazer parte do Governo. Pior: Lula, em discurso para petistas no 13º Encontro Nacional do PT, no dia 28 de abril, cita nominalmente estes "companheiros" como vítimas de perseguição política, que nada fizeram de errado – diga-se: intensamente aplaudido por correligionários e militantes.

O Presidente passeia em campanha velada, falando mentiras aos quatro cantos do País, com dinheiro da União, sem que nada seja feito para colocar um ponto final nisso. Lula distribui o Bolsa Família para comprar o voto de miseráveis e de aproveitadores, xinga fazendeiros de caloteiros e mente que as elites capitalistas não querem que ele faça um governo para melhorar as condições de vida do povo – incoerentemente, como se capitalista não gostasse e nem precisasse de um povo consumidor. Ao mesmo tempo, o Presidente usa o dinheiro público para financiar uma milícia de arruaceiros que ameaçam a sociedade com seus atos de vandalismo e sua violência.

Em Porto Alegre, por exemplo, no dia 21 de abril, grevistas do Sindicato dos Servidores do Ministério da Fazenda (Sindfaz) ficaram feridos depois de serem agredidos por uma tropa de petistas "especializada" em destruir materiais e espancar pessoas que "se atrevam" a fazer manifestações contra o governo. A polícia interveio e controlou a situação prendendo cinco agressores - pelo menos um deles era integrante do Sindicato dos Metalúrgicos. Outro exemplo: em Recife (PE), no dia 20 de abril, dois policiais foram perseguidos e espancados com paus e pedras por militantes do MST. Para se proteger, eles deram tiros para o ar. Uma das balas atingiu a mão de Jaime Amorim, coordenador estadual do movimento. Os militantes do MST faziam uma passeata, antes da abertura do 2º Fórum Social Brasileiro. A polícia estava entre os participantes do ato, na busca de Ivaldo Santos, do MST pernambucano. Ao tentar prendê-lo, os policiais foram agredidos pelos agricultores. Um cinegrafista também foi espancado. A Polícia Civil vai investigar o episódio. Estes são apenas dois dos muitos casos de violência contra brasileiros que tentam manifestar-se desfavoravelmente ao governo petista.

Todo mundo sabe que, em reunião do Conselho Federal da OAB, marcada para o próximo dia 8 de maio, será votado relatório para analisar a viabilidade jurídica de uma ação por crime de responsabilidade contra Lula. Para quem clama por reações, esta é uma reação legal da sociedade, representada pela OAB. Esboçam-se, desde já, as reações. Lula mandou um recado: "Se vierem com essa conversa de impeachment, vou para as ruas denunciar que querem dar um golpe de Estado". É claro que o presidente está demonstrando claramente que não abrirá mão do recurso à estratégia chavista (3) de dividir a sociedade para continuar reinando. Divisão esta, aliás, que terá sido a única obra realmente bem feita pelo atual governo – legado que os brasileiros terão muita dificuldade para combater e pelo qual será lembrado o desastre do governo petista.

João Felício, presidente da CUT, disse em entrevista ao Blog do Josias: "Se algum tresloucado neoliberal avançar nessa direção (a de aprovar um pedido de impeachment de Lula), nós vamos reagir"... "Espero que a OAB não entre com uma proposta dessa natureza. Falar em impeachment do Lula é loucura. Vai dividir o país"... "Para pedir impeachment, precisa ter um fato muito concreto. Não pode ter ilação" (essa palavra virou moda entre esse pessoal. Lula vive repetindo)... "Na denúncia do Ministério Público não aparece a responsabilização do Lula"... "Quem quiser o poder que vá às urnas. O Lula tem suporte popular. Se for preciso, vamos provar isso. Quem tentar (pedir o impeachment) vai dar um tiro no pé"... "Temos uma base de associados de 7,2 milhões de trabalhadores"...

O presidente da OAB, Roberto Busato, respondeu: "O impeachment será analisado de forma isenta, sem procurar a penalização a qualquer custo ou a inocência a um preço de sermos acusados de omissos". Busato afirmou que a entidade não cederá a pressões políticas, tanto do governo quanto da oposição: "O noticiário da imprensa informa que lideranças que manipulam movimentos populares, mas que se mostram populistas e autoritários em seu perfil e conduta, ameaçam reproduzir em nosso país estratégia de divisão da sociedade caso a crise política brasileira tenha desfecho que lhes desagrade. Ameaçam colocar nas ruas, em franca hostilidade contra as classes média e alta, massas de trabalhadores desempregados e subempregados. Ameaçam em suma a paz pública e tentam intimidar a sociedade civil, sonegando-lhe o direito à livre manifestação. Agem como golpistas e têm o desplante de querer imputar a nós essa pecha, que cabe apenas a eles".

Representantes de ONG(s) ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (sem personalidade jurídica), da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da União Nacional dos Estudantes (UNE), em reunião com o presidente do PT, Ricardo Berzoini, dia 25 de abril, planejam para junho uma grande manifestação pró-Lula, como reação a um eventual pedido de impeachment do presidente, pela OAB. Estas entidades receberam mais de R$ 60 milhões dos cofres públicos nos primeiros três anos de mandato do Lula (4), sem levar em conta repasses feitos por estatais, que fogem ao controle do Sistema Informatizado de Acompanhamento de gastos federais (Siafi). Para a comemoração do próximo Primeiro de maio, por exemplo, a CUT recebeu da Petrobras e da Caixa Econômica R$ 800 mil (Folha de São Paulo – 30/04/2006). Em 22 de julho de 2005, a UNE recebeu R$ 770 mil do Ministério da Cultura para atividades culturais (a prestação de contas está em aberto até hoje).

As ONG(s) ligadas ao MST foram as que mais ganharam. A Anca (Associação Nacional de Cooperação Agrícola), a Concrab (Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária) e o Iterra (Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária) receberam, nos três primeiros anos do mandato de Lula, quase R$ 30 milhões. As duas primeiras foram chamadas a devolver R$ 15 milhões aos cofres públicos, pelo TCU, por irregularidades em convênios feitos, em sua maioria, no governo Lula. Entretanto, a Anca já recebeu, só neste ano, R$ 2,9 milhões, segundo registros do Siafi.

A Ouvidoria Agrária Nacional revela que o governo petista acumulou 770 invasões a imóveis rurais em todo o país, entre janeiro de 2003 e dezembro de 2005 - 67% (516) das quais organizadas pelo MST. No mesmo período, a quantidade de assassinatos em conflitos agrários avançou 63%. Quando Lula venceu as eleições, no final de 2002, depois de apenas seis meses, a quantidade de famílias acampadas pulou de 60 para 200 mil, sendo a maioria delas do MST. Havia a expectativa de que o governo fizesse a reforma agrária segundo os padrões petistas.

Em julho de 2003, o TCU mandou suspender o repasse às centrais sindicais, depois de apurar o desvio de dinheiro do Planfor, programa para capacitação profissional. O Ministério do Trabalho apurou desvio de R$ 9,9 milhões por parte da CUT, mas entendeu que a suspensão dos repasses se limitava ao Planfor e manteve os pagamentos destinados ao Plansine, que cuida da recolocação de desempregados no mercado de trabalho. A CUT também vem recebendo repasses do Ministério da Educação para programas de alfabetização. A Força Sindical, também condenada pelo TCU, continuou recebendo dinheiro público.

Diante de todo este lamentável quadro, as já famosas manifestações indignadas de personalidades públicas como as do ator Lima Duarte, do comentarista Arnaldo Jabor e da atriz Cristiane Torloni ficarão apenas como as que tantos outros brasileiros têm feito pela mídia a fora – expressões isoladas de cunho particular. Porque, dentro da legalidade, tem havido reação sim, como temos visto todos os dias na Internet e na mídia de um modo geral. Se é o povo nas ruas o que falta e o que querem as personalidades indignadas, isso só poderá acontecer sob a proteção de forças policiais ou das Forças Armadas e pela conclamação geral e inflamada, através de um veículo de comunicação de massa – um só que seja. Quem é que vai bancar isso, não só financeiramente, mas também política e particularmente?

Senhores, nós brasileiros, pacíficos e democratas em sua maioria, estamos sós. Não temos governo, nem polícia, nem Instituições, nem grupos organizados, nem Forças Armadas e nem figuras políticas que sejam capazes de fazer o impronunciável necessário para lutar por nossa liberdade e pelo nosso Estado democrático. Como bem disse Olavo de Carvalho: "Não há condições, na verdade, para fazer nada contra a elite petista dominante, porque ela personifica historicamente a autoridade moral do esquerdismo, que domina de tal modo os corações e mentes deste país que mesmo os acusadores mais ferozes dos crimes do governo insistem em mantê-la intacta. A construção dessa autoridade postiça... foi ela mesma uma parte integrante da longa e discreta montagem do império petista do crime... Aos descontentes resta apenas o direito de resmungar".

(1) Só para lembrar: Stédile teve função decisiva no episódio da invasão e destruição das instalações da Aracruz Celulose, em Barra do Ribeiro (RS), dia 8 de março. O Ministério Público gaúcho denunciou 37 pessoas ligadas ao MST e à Via Campesina por dano e furto qualificados; formação de quadrilha e bando armado; seqüestro e cárcere privado; e lavagem de dinheiro. Um dos acusados é João Pedro Stédile. Esse é o homem de Chávez.

(2) Brasil e Cuba debatem cooperação no ensino superior - http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=1085.

(3) Há três anos Hugo Chávez, presidente da Venezuela, sentindo-se politicamente acuado, dirigiu-se diretamente ao lumpesinato venezuelano colocando massas de trabalhadores e desempregados nas ruas, em atitude de hostilidade à classe média e às elites. O país viveu meses de turbulência e insegurança. Mostrando comando sobre as massas, Chávez intimidou seus adversários e deu seqüência a seu governo. ( Ruy Fabiano, blog do Noblat (20/04/06)).

(4) Uma consulta ao Siafi, o sistema informatizado das despesas feitas com o Orçamento Geral da União (OGU), feita pela assessoria do PSDB na Câmara, revela como o governo Lula está aparelhando a CUT e a UNE com recursos públicos, entre os anos de 2003 e 2005.

A CUT

A ESCOLA SINDICAL SÃO PAULO/CUT

A UNE

2003 R$ 4.640.201,00 R$ 600.000,00
2004 R$ 12.656.840,00

R$ 1.060.000,00

R$ 400.000,00
2005 R$ 13.150.363,00

R$ 55.000,00

R$ 1.270.649,00

A consciência de Judas

http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=4779

por Christina Fontenelle

em 17 de abril de 2006

Resumo: Transformar Judas em personagem fundamental da missão de Jesus é de uma incapacidade de compreensão fantástica.

© 2006 MidiaSemMascara.org

Não vejo ninguém tentando dizer que umbandistas não devam acreditar nos seus rituais. Tampouco vejo os espíritas sendo perseguidos para provar que exista reencarnação – ao contrário, em muitos filmes e novelas, o fenômeno é posto acima de qualquer suspeita, mesmo que não haja nenhuma prova contundente de sua existência. Budistas também não são forçados a dar maiores explicações sobre a fé que possuem nas sucessivas reencarnações de Buda. Assim funciona em relação a todas as crenças religiosas ou ritualistas do planeta. Entretanto, para com os Católicos (e com os cristãos de um modo geral), o tratamento dispensado pelas diferentes culturas e pela mídia é bem diferente: eles são permanentemente chamados a ter que provar como lógico e verdadeiro tudo aquilo em que dizem crer.

A Igreja Católica, igualmente, vive sob intensa pressão para mudar de opinião em relação a questões de comportamento e em relação às regras que impõe para admitir fiéis, padres e freiras. Há muitos anos, Lutero, insatisfeito com a Igreja, fundou o Protestantismo. Muitos judeus não se converteram ao Cristianismo por não acreditarem que Jesus seja o Messias que está nas profecias bíblicas. A questão é simples: ninguém obriga ninguém a ser católico ou cristão, de maneira que quem decidir sê-lo não tem que ficar dando satisfações sobre sua escolha e muito menos tendo que provar que suas crenças sejam verdadeiras.

É bem verdade que os 2,1 bilhões de cristãos que existem no mundo sejam, entre outras coisas, uma pedra no sapato de comunistas e daqueles que sonham em ver a humanidade sob uma espécie de seita universal (unânime, racional e relativista) – que faça da "religião" um instrumento de adaptação de Deus aos desejos e necessidades dos homens (e não o contrário). Talvez (vamos ser benevolentes) por isso exista esta insistência (vamos ser benevolentes outra vez) em questionar sobre aquilo em que crêem os cristãos.

A última investida contra aquilo que faz parte da fé cristã é a revelação de um manuscrito do século IV, que transcreve um outro do século I, escrito por membros da seita gnóstica cainita, um movimento religioso que misturava misticismo e filosofia. É o "evangelho" de Judas, cuja existência já teria sido admitida por S. Irineu, no texto Contra as Heresias, escrito no ano de 180 d.C. Na visão dos cainitas, a traição de Judas Iscariotes faria parte do plano de Deus, descrito em profecias, já que sem ela não haveria salvação para os homens - portanto, ele teria seguido um desígnio divino e, se não podia fugir de seu destino, não teria traído Jesus, mas sim ajudado o Mestre a cumprir Sua missão. Puro exercício de racionalização.

Esse tipo de pensamento passa pela cabeça de qualquer criança de dez anos, um pouco mais interessada e aplicada nas aulas de catecismo. Faz parte do raciocínio lógico do ser humano. Entretanto, todos nós aprendemos, com o tempo que, quando se trata de fé e religião, nem sempre conseguimos encontrar explicações lógicas para fatos e crenças – são os dogmas. Eis o mistério da fé!

Entretanto, no caso específico da traição de Judas, bastam alguns instantes de reflexão para que coloquemos as coisas em seus devidos lugares. O que vem a ser uma profecia? Profecia é a revelação de algo que irá acontecer. Reparem: as profecias não determinam as coisas que vão acontecer, elas simplesmente fazem uma descrição. As profecias de Zacarias (11:12 e 11:13) e as descritas nos Salmos (41:9) falam sim, das trinta moedas e da traição do amigo de Jesus, mas descrevendo o que iria acontecer e não pretendendo determinar o que deveria acontecer. Há uma grande diferença. Afinal, se não vier a acontecer o que diz uma profecia, ela deixa de sê-lo, passando a ser uma especulação, uma probabilidade. Portanto, não cabe atribuir culpa ou responsabilidades sobre profecias.

O fato de Judas ter traído Jesus veio a comprovar que o que estava escrito a esse respeito nas Sagradas Escrituras era realmente profecia. A traição foi, sim, opção daquele apóstolo, por achar que Jesus não era o Messias que libertaria seu povo do domínio romano, para que surgisse o esperado Reino de Israel. Judas ficou decepcionado com Jesus e jamais conseguiu compreender a missão do Mestre Salvador. O Mal venceu em Judas, como ainda o faz em muitos dos homens que habitam hoje entre nós. O Mal existe e pretende vencer Deus, mostrando que a criatura não resiste ao livre arbítrio. Jesus deu todas as chances para que Judas se redimisse de suas intenções (todas elas bem conhecidas por Jesus), mas não o impediu nem o subjugou. Judas traiu Jesus porque quis e com plena consciência do que estava fazendo. Se houve, depois de trair o Mestre, algum arrependimento por parte do 12° apóstolo, não saberemos jamais – de certo que se tiver havido, com sinceridade, terá sido perdoado.

Quando Deus se fez Homem, enviando ao mundo Aquele que chamou de Filho, o fez para mostrar ao Mal que poderia vencê-lo, mesmo sendo criatura, sujeito às tentações e aos limites do corpo. Ao mesmo tempo ensinou, pessoalmente, aos homens os caminhos que a Ele levariam. O Criador se fez criatura e pôde perceber o mundo através da própria criação. Jamais cogitou tirar dos homens o livre arbítrio e nem mesmo do Filho o tirou. Jesus foi tentado de todas as maneiras para que fizesse da Terra seu Reino, inclusive para escapar da crucificação. Ele mesmo orou a Deus: "Pai, tudo te é possível: afasta de mim esse cálice, mas não seja o que Eu quero, senão o que Tu queres". Ainda, quando sabia estar próxima a hora de ser entregue, o Cristo disse aos discípulos: "O espírito está pronto, mas a carne é fraca". Entretanto, o Mestre manteve-se fiel ao Pai, enfrentou o calvário e venceu o Mal.

Transformar Judas em personagem fundamental da missão de Jesus é de uma incapacidade de compreensão fantástica e, por parte dos católicos, de uma ingratidão sem medidas. É bem verdade que Judas acabou deixando um belo exemplo, para todos os cristãos, de como o egoísmo e a prepotência podem cegar um homem e desviá-lo dos caminhos da Verdade. Acabou tornando-se exemplo do infinito respeito de Deus pelo livre arbítrio com o qual dotou a criatura. Deixou bem claro: os homens são criaturas livres para fazer suas escolhas, mesmo que isso signifique rejeitar o Criador. E, como a casa de Deus tem muitas moradas, até mesmo aqueles que jamais tenham sido iniciados são dotados dos instintos que os fazem capazes de escolher entre a Luz e as trevas.

Comparar a atitude de Judas com a do apóstolo Pedro que negou conhecer Jesus, depois de Sua prisão, por três vezes, como Ele mesmo o havia dito que faria, chamando as duas de traição, é aproveitar-se dos múltiplos significados do termo, que todos sabem muito bem só pode ser entendido dentro de contextos muito bem especificados. No caso do primeiro, a traição significa entregar, agir pelas costas ou agir com intenção de prejudicar. Já em se tratando de Pedro, se traiu alguém foi a si mesmo, em relação ao que acreditava. Suas três negativas não prejudicaram o Mestre, mas fizeram com que viesse a aprender muito sobre soberba, covardia, medo, fraqueza e arrependimento.

A revelação para o mundo do "evangelho" agnóstico de Judas será muito útil sim, para reforçar mais uma vez a idéia de que os homens são e devem ser livres para pensar o que quiserem e para fazer as escolhas que quiserem, desde que venham a assumir as conseqüências de cada uma delas.

VOTO: nas mãos de quem está essa arma?

http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=4765

por Christina Fontenelle

em 11 de abril de 2006

Resumo: No atual sistema eleitoral informatizado brasileiro, se as urnas ficarem sob o controle de pessoas desonestas, elas poderão eleger quem desejarem.

© 2006 MidiaSemMascara.org

Há pelo menos 10 anos, a discussão sobre a segurança e a confiabilidade da urna eletrônica brasileira vem se dando entre especialistas e interessados. Portanto, ao que parece, esse seria um tema ligeiramente desgastado para um artigo que pretendesse ser atual. Entretanto, no caso deste, não há nada mais contemporâneo e pertinente por dois motivos: pelos sucessivos escândalos de crime e corrupção que tomaram conta das instituições e do cenário político brasileiros nos últimos quatro anos, e pela mais recente modificação na legislação eleitoral, com a aprovação de um Projeto de Lei em outubro de 2003.

Na verdade, eu já estudo esse assunto há uns dois anos e o que pude observar é que ninguém, nem nas rodas mais intelectualizadas com quem tive a oportunidade de levantar uma (ainda que breve) discussão sobre o tema, pareceu ter a mínima noção a respeito da gravidade das coisas que podem acontecer por trás da tão efusivamente comemorada rapidez na apuração das eleições, desde a substituição da urna convencional pelas urnas eletrônicas. É bem verdade que a mídia de grande alcance tem uma enorme parcela de culpa nisso, ao emudecer sobre as críticas (sérias e merecedoras de toda a atenção) e supervalorizar as "vantagens" da informatização eleitoral, contribuindo para a debilidade do eleitor brasileiro. Entretanto, basta introduzir as palavras "voto eletrônico" nos sites de busca da Internet e, com apenas um clique, o internauta terá à sua disposição mais de 600 mil páginas que podem ser investigadas. Portanto, não se trata de informação tão difícil de obter.

O problema é que até às eleições de 2000, apesar de alguns casos isolados de suspeita de fraude e de algumas até agora ditas "surpresas", os resultados das urnas sempre pareceram fiéis aos resultados das pesquisas eleitorais de um modo geral. Hoje, a manipulação estatística das pesquisas e o envolvimento da mídia nas disputas eleitorais estão tão explícitos que parece mais do que óbvio, para grande parte do eleitorado brasileiro, que elas (as pesquisas e a mídia) são capazes, sim, de induzir o voto, manipulando informações de acordo com seus interesses. Por isso essas fontes não mais podem servir de referência aos eleitores, quanto à expressão da vontade popular, devendo ser encaradas como mais uma das muitas formas de propaganda política.

Juntando isso com o fato de estarmos vendo a manipulação descarada das instituições estatais – jurídicas legislativas e executivas - em favor do partido que está no (des)governo do país (e de seus aliados), é plenamente plausível que comecemos, embora talvez um pouco tardiamente, a nos preocupar com o que a "entidade de corrupção enraizada" seja capaz de fazer para não sair do poder. Depois do episódio da quebra ilegal do sigilo bancário de um "simples caseiro", como disse o presidente Lula (e todo mundo sabe que a vida do rapaz foi devassada, na verdade), que desmentiu o todo poderoso Ministro (agora, ex) da Fazenda, Antônio Palocci, sobre ter estado numa mansão em Brasília alugada para servir de quartel general de falcatruas e festinhas de programa, não há como deixar de constatar que estamos vivendo no mais absoluto Estado "Castro-Chavista-de-os-fins-justificam-os-meios".

Acobertamento de crimes; uso do aparato policial do Estado em proveito de indivíduos e partidos; "chuva" de liminares judiciais de caráter ético e moral duvidosos; senadores e deputados atuando como verdadeiros agentes de proteção partidária, cuja única preocupação é atrapalhar investigações e decisões das CPIs instaladas no Congresso; depoimentos debochados de Delúbio Soares, Duda Mendonça e outros, nas CPIs, protegidos por liminares que lhes garantiram o direito de mentir e omitir diante da nação "impotente"; a dança do "Ta Tudo Dominado" da Deputada Ângela Guadagnin, no plenário da Câmara, sob os olhares da estupefata nação; as agressões verbais do deputado petista Jorge Bittar (PT-RJ) ao Senador Delcídio Amaral (PT-MS), durante a apresentação do relatório final da CPI dos Correios, chingando-o de vigarista, filho da p... e de traidor do PT – como se ser traidor do partidão fosse pior do que ser traidor da nação brasileira; o presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Moraes (PFL-PB), denunciando que seu sigilo bancário foi quebrado várias vezes pelo governo e Senadores oposicionistas requerendo ao Banco do Brasil e à Caixa a relação de todos os terminais que acessaram suas contas; etc.

Tudo isso e tantos outros atentados ao Estado de Direito estabelecem uma relação não confiável entre os cidadãos e o Estado. Por isso, não é possível que se deixe à mercê do segundo o arbítrio sobre tudo que envolva a suposta única "arma" dos primeiros – o voto. Diante destas e de tantas outras arbitrariedades que vemos hoje acontecer no Brasil, por que devemos nós brasileiros acreditar que o governo não se aproveitará das condições impostas pelo Projeto de Lei 1503/03, assinado pelo Presidente Lula, em 1º de outubro de 2003, para forjar o resultado das próximas eleições? Não é uma acusação, é uma pergunta pertinente diante de um Brasil que não para de surpreender em termos de escândalos saídos de um mundo de criminalidade e corrupção, onde honestidade, ética e moral são conceitos deformados ou inexistentes.

Acostumado à informatização do processo eleitoral, os brasileiros pouco ficaram sabendo sobre esse Projeto de Lei que, ao invés de aperfeiçoar e tornar mais seguro este processo, acabou por colocar o Brasil – também aqui – em plena contramão da história, enquanto os países adiantados caminham no sentido de exigir que sistemas eleitorais informatizados possuam o registro material do voto, procedam a auditoria automática do sistema e só utilizem programas de computador abertos. É o Projeto do Voto Virtual, PL 1503/03.

Não há como negar que o voto eletrônico adotado nas eleições brasileiras seja rápido e que permita uma apuração quase instantânea dos resultados finais mas, sem as devidas precauções, será que o processo eleitoral é seguro e confiável? A segurança de sistemas informatizados está, em síntese, nas pessoas que os programam e nas que os utilizam. Criptografia assimétrica, embaralhamento aleatório, assinatura digital e tantas outras técnicas de nada valem se não forem acompanhadas de rígidos procedimentos de fiscalização, verificação e auditoria por parte de pessoas que não façam parte do processo – entidades neutras e todos os diretamente interessados em sua integridade. No atual sistema eleitoral informatizado brasileiro, se as urnas ficarem sob o controle de pessoas desonestas, elas poderão eleger quem desejarem. E, como já disse, pesquisas eleitorais podem ser manipuladas e não devem servir de parâmetro para validar os resultados das urnas eletrônicas, especialmente se as diferenças entre os candidatos forem pequenas.

Quem não se lembra do resultado das pesquisas encomendadas até uns dois meses antes do referendo do Desarmamento? Todas elas davam vantagem de 67% do SIM sobre o NÃO. Depois, foram mostrando diferenças bem menores entre as duas opções, até que o resultado das urnas "surpreendeu" a todos, com uma esmagadora vitória do NÃO. Aliás, esse exemplo de derrota do Governo seria um excelente álibi no sentido de "provar", por exemplo, que o governo não manipula urnas eletrônicas para obter resultados que lhe agradem (*). A Lei do Voto Virtual nasceu por sugestão de alguns ministros do STF e do TSE, para substituir a Lei do Voto Impresso. Eles incumbiram o Senador Eduardo Azeredo (PSDB/MG) de apresentá-lo, em maio de 2003, como o Projeto de Lei do Senado PLS 172/03. A Lei foi aprovada e sancionada sem discussão aberta pelos congressistas, sem a apresentação de emendas e sem que fossem ouvidos especialistas em audiências públicas – até mesmo os relatores, representando as comissões de Constituição e Justiça e de Ciência e Tecnologia no plenário, tiveram menos de um minuto cada para elaborar e apresentar seus pareceres.

O tal PL acabou com a possibilidade de fiscalização, por parte dos eleitores e dos próprios partidos sobre os votos e, conseqüentemente, sobre o resultado das eleições porque:

(1) Acabou com Registro Impresso do Voto (que, na verdade nunca chegou a ser implantado mas que já havia sido legalmente exigido em outro PL, de 1999), que obrigatoriamente devia ser apresentado para conferência do eleitor, substituindo-o pelo Registro Digital do Voto com Assinatura Digital, que o eleitor não tem como conferir;

(2) Não estabeleceu nenhum padrão de confiabilidade para os recursos de assinatura digital (no Brasil, o padrão oficial é ICP-Brasil, de uso obrigatório por lei em qualquer transação de documentos virtuais pelos bancos, Receita Federal, órgãos públicos, etc.), de modo que os projetistas e operadores do sistema informatizado de eleições não precisarão demonstrar a nenhum partido que seu sistema de geração e guarda de chaves criptográficas é seguro contra ataques externos e internos;

(3) Acabou com a auditoria estatística automática da apuração eletrônica, feita por meio da recontagem dos votos de 3% das urnas, nada colocando que permita um pedido de auditoria da apuração pelos partidos políticos;

(4) Revogou a obrigação do TSE de proceder a uma auditoria estatística da apuração na presença de fiscais dos partidos, antes de publicar os resultados finais da eleição;

(5) Permitiu que o TSE utilize programas de computador fechados (secretos) dentro do sistema eleitoral, que NÃO precisarão ser apresentados para auditoria dos partidos. Dos quase 35.000 arquivos de programas que compõem o sistema eleitoral informatizado, menos de 1.000 terão que ser disponibilizados para análise dos partidos.

Todos aqueles que conheçam um mínimo de informática sabem que o voto eletrônico exige que a segurança contra agentes internos desonestos seja redobrada mas, devido ao seu caráter pessoal, a abordagem à questão do agente interno desonesto é sempre delicada. Entretanto, subestimar a possibilidade da fraude ser cometida por um grupo de projetistas e programadores mancomunados, constitui falha grave na política de segurança adotada.

Em 1996, 1/3 do eleitorado votou nas então novas urnas eletrônicas, sem comprovante do voto conferido pelo eleitor. Em 1998, as urnas-e foram utilizadas por 2/3 dos eleitores e já a partir de 2000, por 100% deles. Em 23 de setembro de 1998, às vésperas da eleição, o Secretário de Informática do TSE, falando sobre o problema da segurança do voto na urna declarou ao jornal Folha de São Paulo (Caderno Eleições, pg. 5): "… isso não significa que não vá haver tentativas de fraudes. Mas quem for tentar terá de subornar pelo menos uns 30". Entretanto, considerando em termos de todo o território nacional, essa possibilidade, com a urna tradicional não existia já que, nesse caso, 30 elementos subornados só poderiam fraudar a apuração de apenas algumas urnas.

Seria conveniente perguntar-se nesse ponto: quantos mesmo foram os congressistas acusados de receber o "mensalão"? Quantas pessoas estão envolvidas no caso da devassa na vida do caseiro Francenildo (aquele que desmentiu o ex-Ministro da Fazenda, Antônio Palocci), incluindo a quebra ilegal de seu sigilo bancário (e de outras pessoas mais)? E, ainda: de onde mesmo partiu a ordem para que este caseiro fosse impedido de depor na CPI dos Bingos? Vale lembrar que estamos tratando de questões seríssimas, envolvendo pessoas dos mais altos escalões de poder. É a este tipo de gente que o brasileiro entrega a segurança e a confiabilidade de seu voto?

Especificamente sobre a questão da impressão do voto, há quem pense que isso seria um retrocesso, uma vez que a tendência moderna seja a de eliminar papel. Ora, voto não é um simples papel, é um documento. A impressão obrigatória do voto seria uma evolução no processo de automatização das eleições, proporcionando mais segurança ao eleitor – já que poderia visualizar seu voto e depositá-lo numa segunda urna, ao lado da urna digital (manualmente ou automaticamente – através de um visor de acrílico). Adotando-se as duas urnas, para que uma fraude fosse bem sucedida seria necessário fraudar os programas da Urna Eletrônica e também o conteúdo da Urna física .

O autor da lei do voto virtual, Senador Azeredo, apresentou como argumento para a implantação do Registro Digital do Voto, o seguinte: "Não passa despercebida a vantagem, inédita talvez no mundo, que é a possibilidade de análise, seja pelos estudiosos do processo eleitoral, seja pelos partidos políticos, seja pelos próprios candidatos e seus apoiadores, de cada registro de voto, avaliando, por exemplo, o resultado das coligações partidárias, a fidelidade do eleitor a um partido ou mesmo a concentração de votos em combinação de candidaturas ao pleito majoritário e ao proporcional".

Esta mesma "vantagem inédita no mundo" é a que permite, entre outras coisas, o desenvolvimento de uma nova modalidade de voto-de-cabresto. É meio difícil de explicar mas é como se houvesse um código secreto entre o coator e o coagido (eleitor). O coator manda que o eleitor vote em candidatos "estranhos" à sua zona eleitoral, por exemplo, numa determinada seqüência e finalmente num prefeito ou governador ordenado pelo ele. Se o sigilo da urna for quebrado, pela identificação da seqüência ordenada, o coator poderá saber se sua ordem foi cumprida. Entretanto, mesmo que não venha a fazer isso, basta que o eleitor "coagido" saiba que ele pode fazer.

Além disso, ainda existe a possibilidade de se conhecer o voto de cada eleitor, já que o registro digital do título de eleitor e o voto são computados dentro de uma mesma urna, de modo que, de posse dos códigos-chave desta urna qualquer pessoa pode, no mínimo, comparar as seqüências correspondentes entre a entrada do registro do título de eleitor e a de seu voto. Isto é: se um eleitor for a quarta pessoa a votar, por exemplo, numa determinada urna, imediatamente será reproduzido o seu voto em uma outra entrada que também registrará seu voto em quarto lugar. Portanto, se as duas listas forem comparadas (a do registro e a do voto) será fácil saber quem votou em quem, acabando, portanto, com o direito constitucional do voto secreto. Isto sem mencionar que, mesmo havendo embaralhamento de ordens, o registro digital pode estar entrelaçado digitalmente ao voto.

Essa é uma discussão antiga. O TSE, sob a presidência do Ministro Carlos Velloso (que assumiu a Presidência do TSE em 1994 e novamente em 2005) decidiu juntar as três primeiras etapas de uma eleição - a identificação, a votação e a apuração - num único local e equipamento: a urna eletrônica brasileira. Esta unificação é característica exclusiva da urna brasileira. No resto do mundo democrático onde se informatizou a votação, não ocorre esta tripla integração. Em nenhuma democracia tradicional deixou de existir o voto impresso, e muito menos a identificação e a votação são feitas no mesmo equipamento.

Em julho de 2000, por exemplo, houve o episódio de quebra de sigilo de voto no Senado (Painel Eletrônico do Senado) durante a votação sobre a cassação do Senador Luiz Estevão. O laudo da Unicamp confirmou que houve, de fato, a violação do sigilo do painel, afirmando que o programa-fonte fora modificado antes do dia 28 de junho – dia da cassação - e que, ao final daquele dia, a mudança permaneceu, para que fosse impressa uma listagem dos votos de cada um dos senadores. Dois dias depois o programa-fonte foi modificado novamente. O escândalo levou à renúncia dois senadores - Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Roberto Arruda (PSDB-DF). É importante dizer que se chegou a essa constatação apenas porque o próprio Senador Antonio Carlos Magalhães fez saber que era detentor da lista com os nomes e os votos de cada um dos senadores. Caso tivesse permanecido calado, talvez até hoje ninguém soubesse de nada.

Em relação à fiscalização, a Resolução 20.105/98 do TSE é muito vaga ao dizer que os partidos poderão fiscalizar a carga das urnas eletrônicas e conferir, por amostragem, até 3% das máquinas, já que, na prática, após a conferência, o conteúdo da urna eletrônica escolhida pelos fiscais é alterado com a carga de um programa específico para o teste. Após o teste, a urna volta a ser carregada com o programa real de votação. Então, de que adianta a verificação? Só resta aos partidos ter absoluta confiança nos técnicos do TSE.

Nas eleições municipais de 2000, por exemplo, não foi permitido que os fiscais dos partidos pudessem conferir se os programas carregados nas urnas correspondiam aos apresentados para avaliação, o que contrariou promessa do então Secretário de Informática do TSE, aos fiscais dos partidos, feita no dia da apresentação dos programas. Por fim, técnicos credenciados do TSE revelaram que os programas das urnas foram modificados depois de apresentados aos partidos.

Sabendo-se que um vício de programação pode ser inserido no programa-fonte (antes da compilação), durante a compilação, durante a ligação com bibliotecas externas e, ainda, depois de compilado, para garantir que os programas contidos nas urnas sejam honestos e não desviem votos, os fiscais dos partidos e os auditores externos ao TSE teriam que conhecer, tecnicamente: (1) o programa-fonte de todas as bibliotecas de funções, TSR e gerenciadores de dispositivos utilizados; (2) a fonte do próprio programa compilador e acompanhar todas as compilações; (3) conferir todo o conteúdo da máquina onde for feita a compilação (e que esta esteja lacrada quando fora de uso); (4) lacrar o programa-fonte analisado e todos os milhares de disquetes de carga com o programa compilado e ainda as tabelas de dados; (5) acompanhar a carga de todas as urnas; (6) lacrar as urnas eletrônicas assim que fossem carregadas e (7), proteger as urnas lacradas contra acesso físico depois de lacradas.

Para realizar essas atividades com efetividade, qualidade e segurança, os fiscais e auditores deveriam ser técnicos altamente qualificados e dispor de tempo para analisar todo este material. Como os programas das urnas são carregados parte no fabricante (software básico) e parte nos Cartórios Eleitorais de cada cidade (software aplicativo e tabelas), os fiscais dos partidos teriam que correr todo o território nacional para acompanhar a carga, teste e lacração das urnas. Enfim, o processo de auditagem, validação e certificação do conteúdo real das urnas eletrônicas começa a ficar tão grande, caro e complexo que acaba se tornando impraticável já que os partidos políticos não dispõem de verba para bancar uma auditoria dessa proporção, e certamente os cinco dias que a lei dispõe para que avaliem os programas de apuração e totalização não seriam suficientes. Vale lembrar que se houvesse a impressão dos votos, muitas destas etapas poderiam ser desprezadas.

Quanto a possíveis auditorias posteriores, o mínimo que se esperaria é o acesso irrestrito aos equipamentos, fontes do programas, ferramentas, informações, com a antecedência necessária, sem restrições de tempo. No caso da Urna Eletrônica o TSE, que estaria sendo auditado, determinaria como, onde, o quê e quando se deve auditar. Ou seja, o TSE assumiu as funções legislativas, executivas e judiciárias. Com tantas restrições é impossível que a auditoria feita pelos partidos políticos seja conclusiva. A única alternativa é confiar nos técnicos e contratados do TSE. Os rituais promovidos pelo TSE, como a apresentação dos programas, a carga das urnas e os testes de simulação são apenas espetáculos formais, de pouca significância em relação à eficiência da fiscalização.

Em 31 de março de 1999, para diminuir todos estes problemas, o Senador Roberto Requião, PMDB-PR, assessorado por participantes do Fórum do Voto Eletrônico, apresentou um Projeto de Lei do Senado - PLS 194/99, propondo artigos que permitissem a conferência da apuração e impedissem que a identificação do eleitor fosse feita em máquina conectada à urna eletrônica. Foi apresentado um projeto de Urna Eletrônica Segura, que unificava apenas duas das etapas do processo eleitoral, a Votação e a Apuração, mantendo, prudentemente isolada, a etapa de Identificação do Eleitor, que poderia ser feita em outra máquina inibindo qualquer possibilidade de violação sistemática do voto. Além disso, as urnas seriam apuradas na sua totalidade, ou apenas em parte, dentro de uma programação de auditoria do software real da urna. Nada disso jamais foi sequer testado numa eleição real.

Quando o sigilo do voto é questão primordial, os próprios parlamentares não confiam no sistema eletrônico. Em 30 de novembro de 2005, por exemplo, a Câmara se reuniu para votar o pedido de cassação do Deputado Zé Dirceu apresentado pela CPI do Mensalão. Utilizaram cédulas em papel e uma urna convencional. Velocidade da apuração manual: 495 votos (quantidade similar a uma urna de seção eleitoral média) em 37 minutos. Também, na noite de 14 para 15 de fevereiro de 2005, a Câmara elegeu o seu então novo presidente pelo antigo método (com cédulas de papel): Severino Cavalcanti obteve 300 votos contra 195 de Greenhalgh (opção do Governo) - uma rebelião dos próprios petistas contra o governo que só poderia ser realizada por uma eleição garantidamente secreta e sem riscos de fraude.

Igualmente, o PT, no dia 18 de setembro de 2005, convocou para votar em nova presidência seus mais de 825 mil filiados - quantidade de eleitores que justificaria perfeitamente o uso da urna eletrônica que já foi cedida ao partido em outras ocasiões. Desta vez, em função da importância desta eleição e após os escândalos protagonizados por parte de membros da ala governista, os petistas optaram por usar a urna de lona. Um detalhe: o PT, mais precisamente o deputado João Paulo Cunha, na época presidente da Câmara, é que atropelou a discussão sobre a manutenção do voto conferível pelo eleitor, proibindo o debate, descumprindo o regimento e alterando os anais para que fosse aprovada a lei do Voto Virtual (às cegas).

Ainda há quem acredite que o país livrar-se-á de criminosos e de maus parlamentares pelo voto. Mas, diante de tantas revelações e das condições em que se dá o processo eleitoral, quem, sinceramente, pode, hoje, garantir no Brasil a lisura das eleições? Nas mãos de quem, afinal, está a arma do voto na chamada democracia brasileira?

A OBSCURA TRAJETÓRIA DO PL

Esta Lei foi aprovada em votação simbólica na Câmara, por volta das 19h. 30min., do dia 01/10/2003. De lá, seguiu para o então Ministro Chefe da Casa Civil – José Dirceu – e depois para a Presidência da República. O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teria quinze dias para analisar o mérito e as implicações desta lei, dispensou maiores considerações e assinou, imediatamente, ainda com data de 1/10/2003, bem a tempo de sua publicação no Diário Oficial, já no dia 02/10.

A pressão de alguns ministros do STF e do TSE sobre os parlamentares para que a lei do voto virtual fosse aprovada antes 02 de outubro de 2003 e, assim, tornar-se válida já para as eleições de 2004, estimulou a prática de procedimentos obscuros dentro do Congresso, envolvendo até a modificação retroativa de registros virtuais nos bancos de dados da Câmara.

No Senado, então presidido pelo Senador José Sarney, o projeto de lei do voto virtual (PLS 172/03) só tramitou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), não sendo aberto prazo para apresentação de emendas e não tendo o seu mérito analisado em nenhuma comissão especializada em informática e nem mesmo pelo plenário, por causa do estranho caso da retirada de 4 assinaturas de um recurso (o 19/03) que pedia que a matéria fosse apresentada e apreciada por todos os senadores.

A pauta do plenário do Senado do dia 15 de julho de 2003 foi impressa depois das 20 horas do dia 14/07 e revela que havia sido interposto o recurso nº 19/03, dentro do prazo legal e com assinaturas de senadores em quantidade suficiente, para que o PLS 172/03 fosse levado a plenário, abrindo prazo para o recebimento de emendas perante a Mesa. Surpreendentemente, durante a seção do dia 15, o presidente da Mesa anunciou ter recebido a desistência de 4 senadores e o recurso 19/03 foi desconsiderado. O estranho neste evento é que os 4 documentos contendo a desistência eram de idêntico teor e teriam dado entrado na Mesa simultaneamente às 18:26 h do dia 14, portanto, duas horas antes da impressão da ata. No entanto, o interessante é que a pauta já foi impressa sem acusar a existência desses documentos. No dia 27 de julho de 2003, o Senador Almeida Lima (PDT-SE) manifestou, em plenário, sua estranheza com relação a estes procedimentos.

Na Câmara Federal, o projeto de lei do voto virtual (PL 1.503/03) acabou não sendo analisado por nenhuma comissão e também não teve aberto prazo para apresentação de emendas, devido à interferência direta, e registrada pela imprensa, do Min. Sepúlveda Pertence – que em 20 de fevereiro de 2003 foi eleito e tomou posse, pela segunda vez, no cargo de Presidente do TSE - e do Min. Fernando Neves, do TSE (Ministro Efetivo do Tribunal Superior Eleitoral de 2000 a 2004), que compareceram a uma reunião de líderes, para manifestar seu desejo de ver aprovada a Lei do Voto Virtual, SEM ALTERAÇÕES, e sem que fosse atendido o pedido da Comissão de Ciência e Tecnologia para se pronunciar no mérito.

Quatro pedidos foram apresentados para que a Comissão de Ciência e Tecnologia (CCTIC) da Câmara se manifestasse no mérito da lei do voto virtual. O pedido CCTIC 270/03 foi aprovado pelo então presidente da Câmara, Dep. João Paulo Cunha e os demais foram considerados prejudicados. Este despacho do presidente foi encaminhado à Coordenação das Comissões Permanentes (CCP) em 18/09/2003, conforme registro no Sistema de Acompanhamento e de Consultas de Proposições e Câmara. Ainda, um memorando da CCP foi enviado à comissão CCJR, solicitando remessa do PL para análise prévia da CCTIC. Em 23/09/2003 a CCJR devolveu a pasta "via de tramitação" à CCP que, por sua vez a remeteu à CCITC.

Tendo chegado para avaliação do mérito pela Comissão de Ciência e Tecnologia, o PL 1.503/03 poderia sofrer modificações e não haveria mais tempo para aprová-lo, sancioná-lo e publicá-lo antes de 03 de outubro, como desejavam os ministros da Justiça Eleitoral. Iniciou-se, então, no final do dia 24/09/2003, enquanto todas as atenções da imprensa e dos próprios deputados estavam voltadas para a votação da reforma tributária no plenário da Câmara, a operação para evitar que o projeto do voto virtual tivesse seu mérito analisado, contrariando a solicitação dos deputados da CCTIC.

Toda a manobra (**) foi denunciada no plenário da Câmara, em 01 de outubro de 2003, pelo Dep. Alceu Collares, como pode ser visto nas notas taquigráficas da seção da Câmara daquele dia, que teve uma petição de abertura de inquérito negada pelo então presidente João Paulo Cunha.

Um pedido de urgência podia ter sido feito sem se recorrer à manipulação de registros do sistema e Câmara. A manipulação dos registros, entretanto, foi feita apenas com o objetivo de esconder que o presidente da Câmara, Dep. João Paulo Cunha (PT-SP), cedera à pressão dos ministros do TSE, mandando reverter sua decisão de permitir o debate da Lei do Voto Virtual na Comissão de Ciência e Tecnologia.

(*) Entretanto, todo mundo sabe que o Estatuto do Desarmamento já cumpria tudo que o Governo desejava implantar (contendo inclusive artigos de legalidade duvidosa), tornando sua "derrota" apenas virtualmente política. Na verdade, a população ordeira está praticamente desarmada por lei – mas, foi impossível mostrar às pessoas, na época da campanha, o tamanho da inutilidade do referendo. Trocando em miúdos: quando você não quer a presença de pessoas menos financeiramente privilegiadas num evento qualquer, por exemplo, não precisa ser explícito, basta colocar ingressos a preços exorbitantes – você não terá proibido, mas praticamente impossibilitado a presença delas.

(**) Um funcionário da Controladoria foi retirar a pasta de tramitação do PL 1.503 da Comissão de Ciência e Tecnologia, sem que houvesse despacho formal do presidente da Câmara neste sentido e, como agravante, os registros do banco de dados do Módulo de Tramitação de Proposições e Câmara que continham o encaminhamento deste processo à CCTIC foram substituídos por outros registros que revertiam o andamento. A palavra "incluir" (a CCTIC) foi trocada por "excluir". Alguns destes novos registros continham erros e contradições e voltaram a ser modificados em 25/09/2003, para eliminar as contradições. A última versão, tirada do sistema em 03/10/2003, contém mais algumas alterações de dados: a palavra “excluir" (a CCTIC) foi trocada de volta por "incluir" depois que a denúncia da troca anterior chegou à imprensa. Outras alterações voltaram a ser feitas sempre no sentido de esconder que o PL 1.503/03 já havia de fato chegado à CCTIC.

Consultem:

http://www.votoseguro.org/

http://www.brunazo.eng.br/

http://www.iron.com.br/

Leia também VOTO: nas mãos de quem está essa arma? 1a. Parte