segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Que Exército é esse nas ruas do Rio?

http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=4689

por Christina Fontenelle

em 17 de março de 2006

Resumo: Uma das coisas que certamente contribui para o quadro de aprovação popular a ação do exército no RJ é que não se conhece muitos militares que tenham ficado milionários, durante a tal da ditadura.

© 2006 MidiaSemMascara.org

Cerca de 40 moradores do Morro da Providência protestaram, em frente ao Comando Militar do Leste (CML), na Central do Brasil, pela segunda vez em menos de 24 horas. Os manifestantes acusaram os militares de cometerem excessos, como dar tiros para o alto, obrigar o fechamento do comércio, impedir a circulação de pessoas e implantar o toque de recolher a partir das 19hs. (Folha On-Line, 10/03/2006).

...E nós, os cidadãos de bem, inclusive e principalmente, os que moram nas favelas do Rio, acusamos a bandidagem, os traficantes e os manifestantes a seu favor das mesmíssimas coisas e de outras bem piores. Quem será ouvido dessa vez?

Há anos somos reféns de um Estado Paralelo financiado pela venda de drogas, mas que todos sabem vir crescendo, incontrolável e assustadoramente, por razões infinitamente maiores e mais importantes. Por trás desse crescimento está o terrorismo, está, também, um projeto de poder esquerdopata e, ainda, por trás desse, um outro que se utiliza dele como primeiro instrumento de destruição. Só não enxerga isso quem não quer. Há muito tempo que a atuação criminosa do tráfico já deixou as raias do crime comum e a operação militar para combatê-la só não foi levada a cabo, pelo pavor que os demagogos de esquerda, finalmente todos alçados às esferas do poder, institucional ou das artes e da mídia, têm de serem flagrados na sua incompetência para governar, na sua falta de compromisso com as necessidades do povo brasileiro e no seu egocentrismo, que sempre pretendeu impor os próprios ideais como se de todos os brasileiros fossem.

Passaram anos mentindo, nas escolas, nas universidades e na mídia, dizendo que lutavam por direitos democráticos, quando se sabe muito bem que queriam era impingir o comunismo aos brasileiros, escondendo que a democracia era, isso sim, do que eles precisavam para chegar ao poder. Tanto é que hoje estão lá, fazendo o que todo mundo vê. Lutaram por seus próprios ideais e não por ideais de povo nenhum. Ao contrário, o quanto antes tivessem desistido do delírio comunista, mais cedo teriam voltado a vigorar os direitos civis de todos os brasileiros. Porque, como todos sabem, sua "luta" ia muito além das palavras e manifestações artísticas – pegavam em armas, roubavam, matavam, seqüestravam, praticavam terrorismo e tudo o mais que enfiam goela abaixo da população como plenamente justificável por ser "em nome de ideais políticos"(1).

Reinaldo Azevedo, diretor da Revista Primeira Leitura, no artigo "Exército no Rio: governo Lula é infame", depois de demonstrar indignação com o motivo que levou as tropas às ruas, pergunta: " Afinal de contas, já que, felizmente, não estamos em guerra com nenhum outro país, do que se ocupam os militares brasileiros quando não estão abortando vôos civis para embarcar de braço dado com a patroa? O que justifica que não se mobilize tal efetivo no combate ao crime organizado? Qual é o medo? Por que tememos a nossa Constituição? "

Embora eu tenha um imenso respeito pelo jornalista e não deixe de ler uma linha sequer do que escreve, desta vez discordo, humildemente. Não totalmente, mas acho que não poderiam ter alegado os militares agir por outra razão que não a que alegam, nesse caso específico, já que (aparentemente) não houve ordem superior, para que se desse a operação, nem pelo motivo alegado nem por outro qualquer – ainda que sabidamente necessário e perfeitamente legal. Os dois parágrafos que antecedem o anterior já seriam uma boa resposta à parte das indagações de Reinaldo. Faltou a autorização e o apoio dos homens que dirigem esse país, para que as FFAA agissem da mesma maneira, no sentido de defender, a já exausta população, da criminalidade.

Foi o medo de ver a satisfação popular. O medo de encarar a verdade sobre a disparidade entre os ideais de esquerda e os da esmagadora maioria dos brasileiros. O medo não era e ainda não é sem razão, porque, mesmo depois de mais de 20 anos de humilhação e execração públicas, praticada pela mídia e pelos meios acadêmicos, sobre as FFAA, o povo não parece temê-las e muito menos odiá-las. Em todas as enquetes promovidas na Internet, os resultados menos favoráveis à operação e à presença do Exército nas ruas revelaram 92% de APROVAÇÃO. Isso para não citar a "chuva" de comentários pedindo, inclusive, que as FFAA expandissem essa ação para várias outras cidades brasileiras e quiçá para acabar com o antro de corrupção nacional. Não são dados oficiais, mas foram 228 armas apreendidas, 38 apreensões de drogas e 13 autos de resistência à prisão, até agora. Sem falar nas inacreditáveis taxas de diminuição dos mais diversos tipos de crime, nas áreas onde os militares estiveram presentes – durante o tempo que permaneceram, é claro.

O DIA On-line: Você é contra ou a favor da ocupação de favelas pelo Exército?

A favor 93,79% (17195 votos)

Contra 5,09% (933 votos)

Não sei 1,12% (206 votos)

Total: 18334 votos

Site TERRA: Você é a favor da ocupação do Exército nas favelas do Rio?
O seu voto já foi computado

Sim - 95.28 % - 151140 votos
Não - 4.72 % - 7482 votos
Total: 158622 votos

Nessa outra enquete, a pergunta já é sobre uma possível continuidade das tropas nas favelas e sobre a questão da segurança:

O GLOBO On-Line: A presença do Exército em favelas aumenta a segurança da população?

Sim, e deveria continuar após operação para recuperar armas - 88.52%
Não, os soldados não são treinados e preparados para isso - 11.48%

Total de votos para esta pesquisa: 9545

Dizer que Internet só revela opinião de classe média e alta é um tanto quanto relativo. Entretanto, afirmar que os moradores das favelas estejam emudecidos pelas leis do tráfico – que é o "Estado" a que estão submetidos – é unanimidade. A opinião dessa gente está nos olhares e no lento caminhar, de cabeça baixa, a caminho do trabalho. Dizem, em off, por motivos óbvios, que tem gente até querendo homenagear os rapazes que roubaram as tais das armas, por terem acabado por provocar essa reação do Exército. Essas mesmas pessoas confessam que estão rezando para que as armas não sejam encontradas tão cedo, de modo que a operação não acabe. Tem gente, nas comunidades, batendo continência para traficante, mas acendendo vela e fazendo promessa pra soldado. Uns e outros já fazem planos de pintar a casa, de ornamentar um pequeno jardim na entrada e de comprar bicicleta para os filhos andarem pelas ruas e nas quadras comunitárias de esportes, sem o risco de serem alvos de tiros e de aliciamento pelos traficantes. Tem escola particular pensando em abrir filial dentro da comunidade, com preços mais reduzidos, direito à creche e uniforme verde e amarelo para as crianças. São muitos os planos e os sonhos...

Uma das coisas que certamente contribui para esse quadro de aprovação popular é que não se conhece, de fato, muitos militares (talvez nenhum) que tenham ficado milionários, durante a tal da ditadura. Jamais houve, por parte daqueles homens, auto-reajustes salariais absurdos e desproporcionais como se vê, há anos, neste país, praticarem todos os políticos e seus vizinhos do Judiciário. Vai ver que o pessoal da tal ditadura estivesse mesmo preocupado em industrializar o país, em construir usinas hidrelétricas e nucleares, em construir estradas, em garantir aos brasileiros o direito de ir e vir com segurança e coisas desse tipo. Ficaram ocupados com essas bobagens e esqueceram de seu próprio enriquecimento, de fazer conchavos políticos, de fazer apologia da democracia da miséria. Foi um lapso. Houve erros, sim, inclusive de estratégia econômica e certamente deve ter havido casos isolados de corrupção. O problema é que a população acredita no que viu e, muito mais ainda, no que possa ter dito o silêncio dos militares, por todos esses anos, do que na propaganda toda que se fez, e ainda se faz, contra eles.

Entretanto, há um outro aspecto sobre o qual o imaginário popular, em relação às FFAA, talvez ainda não tenha se dado conta. São mais de vinte anos de silêncio, de apatia diante dos dragões do revanchismo, de falta de aparelhamento adequado, de sistêmica desvalorização salarial, de falta de investimento em inteligência e educação. Isso tem conseqüências. As Forças de ontem não são mais as que temos hoje. Há quem diga, literalmente, que a Força está dividida em três grupos de militar:

1) Os ufanistas antiimperialistas, que acham que tudo o que acontece de errado com o país e com as próprias FFAA seja obra dos EUA, para fincar as garras do império capitalista sobre as riquezas brasileiras e latino-americanas, ameaçando, permanentemente, sua soberania nacional. Nesse ponto (e sinceramente esperamos que seja só nesse) não há como negar que haja algo de muito comum entre o que pensam estes militares e o que conduz a política externa do governo Lula. Com certeza (espera-se, fervorosamente, também), o que alimenta o antiamericanismo de um não seja o mesmo que está por trás do comportamento do outro. Mas, novamente, não há como negar que esta interseção na maneira de pensar possa fazer com que um engane o outro.

Por exemplo, durante a campanha presidencial de 2002, Lula esteve no Clube da Aeronáutica (RJ) e deu a entender que tinha intenção de desafiar os acordos de não-proliferação nuclear e aventou até a possibilidade de o Brasil fabricar a bomba atômica. Outro exemplo aconteceu numa sessão conjunta das comissões de Relações Exteriores da Câmara e do Senado, no dia 19 de junho de 2002, quando Lula prometeu transformar o Brasil em uma potência militar, dizendo: "...só há três maneiras de um país ser respeitado: 1) pelo domínio tecnológico; 2) pelo poder econômico; e 3) sendo uma potência militar". E, finalmente, versa que, em 2005, elementos representando a ESG/ADESG teriam realizado palestra para oficiais militares, em Recife (PE), dando voz à teoria do General russo Leonid Ivashov, segundo a qual os atentados ao World Trade Center e ao Pentágono (11/09/2001) teriam sido montagens holiwoodianas, criadas por George W. Bush, para desestabilizar a ordem mundial da ONU e impor o domínio americano a todo o planeta.

Eu não inventei nada. Consultem: Defesanet e o artigo Encenações, de José Luiz Sávio Costa.

2) O segundo grupo seria o daqueles que "não estão nem aí", que se transformaram em funcionalismo público ordinário, sem o menor interesse por política ou por questões de identidade nacional (2). Disse, certa vez, o General Luiz H. de Oliveira Domingues, num artigo intitulado, Licenciamento Antecipado: "Fico mais preocupado quando ouço dizer que os nossos tenentes e capitães "não estão nem aí", do que quando dizem que falta dinheiro. Sempre faltou". Estão mais para vítimas do regime revanchista dos últimos 20 anos, do que para produto dele – que seriam mais bem representados pelos do primeiro grupo. Cumprem horários e sonham com a aposentadoria, para, finalmente, começarem a trabalhar. Nos altos postos de comando, fazem parte desse grupo aqueles que se interessam apenas em desfrutar dos poucos privilégios que o silêncio conivente os permite desfrutar, para que possam, pelo menos depois de idosos, viver uma vida mais confortável. Muitos deles até sorriem para o poder, associam-se a ele, num exercício de auto-enganação. São deslumbrados no poder. Bem ao gosto daqueles que os colocam lá - no caso, os governantes.

3) Finalmente, são, estes últimos, aqueles que fazem parte do que está no imaginário popular. São homens que têm a preocupação de se manter em sintonia com a identidade nacional e com o que acontece no mundo. Homens dispostos a se render aos anseios do povo brasileiro, a respeitar a ordem e a Constituição. São homens que dedicam suas carreiras ao aprendizado, que estudam, que se preocupam com as tropas, que almejam melhores condições de trabalho, que desejam a modernização dos equipamentos, que defendem projetos nacionais de segurança. Homens que gostam do que fazem, que respeitam as fardas que usam. Este grupo não tem nome, porque qualquer nome que se desse não conseguiria fugir da parcialidade. São obedientes sim, mas somente à Constituição – governos passam, as FFAA ficam.

Vale uma observação, antes de continuar no tema da operação do Exército. É bom que fique claro que as características dos que pertencem ao primeiro e ao terceiro grupos não são necessariamente excludentes. Os objetivos dos dois seriam os mesmos – defender a soberania nacional, os interesses do povo e a integridade do território brasileiro. Os motivos e a estratégia é que são diferentes. Nesse sentido, a razão principal dessa situação é a carência de um serviço de inteligência competentemente orientado (o que naturalmente é proposital) e a deficiência na formação intelectual das tropas. A não ser por iniciativa própria (e individual) o militar (como todos os brasileiros) é carente de literatura daquilo que chamo de macro visão da conectividade entre causa e efeito das forças sociais, políticas e econômicas que movem o mundo. Uma das conseqüências mais imediatas dessa carência é fazer com que se confunda Imperialismo Globalizante com Imperialismo Estadunidense, ou que se confunda "queda do muro de Berlim", "Perestroika Soviética" e "abertura do mercado chinês" com o fim do comunismo. Não é preciso ser muito inteligente para saber o que a não consciência disso pode significar para um país. O terceiro grupo sabe, o primeiro não. E, somente aí, reside a diferença entre os dois.

Voltando ao assunto da operação militar, fica a pergunta: qual destas três correntes militares está por trás da presença do Exército nas ruas do Rio de Janeiro? Sim, porque há algumas boas considerações a fazer a respeito desta operação. Há, certamente, um "elo perdido", uma espécie de desconexão entre o motivo, o tamanho e a forma da ação. A coisa toda pareceu de uma teatralidade (perigosa, é verdade, uma vez que coloca vidas humanas em risco) que pode ter conseqüências que fujam completamente dos planos de quem orquestrou, de quem empreendeu e de quem autorizou. Não necessariamente nesta ordem e nem na mesma intensidade.

Uma primeira relevante consideração já foi feita pelo jornalista Fábio Santos, em seu artigo "Entrou tem de ficar", no site da revista Primeira Leitura: "Há quem diga que esta ação está sendo planejada há tempos e que o episódio do roubo foi utilizado apenas como desculpa. O objetivo seria o governo federal mostrar serviço em ano eleitoral. Que os militares estão se preparando há tempos para esse tipo de ação é mais do que óbvio. Essa foi inclusive uma das motivações estratégicas para que fossem enviadas forças brasileiras ao Haiti. Lá eles fazem exatamente o que deveriam fazer por aqui. Agora, se a idéia é ganhar pontos nas eleições, com o perdão do trocadilho, o tiro pode sair pela culatra. O governo está preparado para sustentar essa operação pelo tempo que for necessário? Não me parece ".

A hipótese é perfeitamente cabível. E, certamente, por trás dela estariam os militares do primeiro grupo. Há boas razões para se embarcar nessa conclusão por causa da conivência do governo federal com a operação. Entretanto, teria sido ela um teste? Sim, porque, se fosse para valer, os soldados teriam sido em maior número e o cerco viria varrendo os morros de cima para baixo e de baixo para cima, de modo a encurralar os traficantes. Teria sido um teste para tomar a medida da reação da mídia e das ONGs? A reação da Rede Globo (Pró Lula), revelando os aspectos positivos, encarando com seriedade, tanto o motivo como a operação em si, oferece uma boa pista a esse respeito: as oposições tiveram pouca voz. Teria sido um teste para saber em que medida a população das comunidades poderia sofrer e em que número poderia ser usada para escudar os traficantes? Foram quatro levemente feridos e um morto – supostamente por traficantes. Nada mal.

Uma outra hipótese, que não elimina totalmente a primeira, acima citada, é a de que uma operação como essa que, premeditadamente não seria levada até às últimas conseqüências, acabaria por desmoralizar, publicamente e de vez, as FFAA, fazendo com que se justificasse uma "reforma" nas FFAA (nos moldes do governo, é claro) ou a necessidade de criar uma força nacional especial (e aí entrariam os homens que estão sendo treinados no Haiti), de caráter independente e sob às ordens diretas da Presidência da República, para combater o tráfico (de drogas, de armas, etc.) e outros crimes que envolvessem assuntos de defesa nacional – seria a criação do braço armado fiel às ordens e aos ideais do governo (e não do povo e da Constituição, como o são as FFAA). Tudo como o Foro de São Paulo recomenda. Poderia até vir a provocar o suicídio de muito comandante militar que se descobrisse como instrumento de um planejamento desses, sem encontrar saída - que não pusesse em risco a vida de seus familiares - para voltar atrás. "Viagem?" Pode ser, mas em se tratando de levantar hipóteses, a gente tem que pensar em tudo e, em sendo inconcebível no mínimo daria um bom argumento para uma estória de ficção.

Para reforçar, ainda, esta hipótese, espalhando a impressão de caos: invasões sistemáticas do MST, incluindo a prática de vandalismo, desmoralização do Congresso, com absolvições inadmissíveis no Conselho de Ética e o toque final – a última cereja na decoração do bolo – o Comandante do Exército, parecendo ignorar todo o patrulhamento que existe em torno da figura militar, comete um excesso, exigindo viajar num vôo que já estava lotado – em que pese uma série de considerações que devem ser feitas em relação a este episódio.

Mostrar serviço em ano de eleição? Se for esse o caso (o que eu não acredito), piorou ainda mais a situação de Lula: perdeu para a própria cegueira (não sabia de nada), perdeu para a corrupção, perdeu para a impunidade, perdeu para as pizzas do Congresso e, agora, perdeu para o tráfico. Uma tragédia. E, burrice tem limite. A hipótese existe, mas é pouco provável.

Ainda existe a possibilidade de a operação ter sido organizada por militares do terceiro grupo, no auge de sua intolerância com o desgoverno do país, numa última tentativa de dizer ao Estado Paralelo que ainda existe um inimigo difícil de vencer nos limites do Estado Institucional. A esses militares interessaria dar um recado – e danem-se as conseqüências disso para o "Desgoverno" Federal. Já mostraram um pouco do que podem fazer – voltam para os quartéis e esperam que ações como as do roubo das armas não aconteçam mais. Afinal, já houve uma série de operações com a finalidade de recuperar armas roubadas. Numa delas, aconteceu a morte de um Cabo, ferido por um tiro de fuzil, dado por traficantes – e não houve nenhum alarde na imprensa a respeito disso e nem das outras operações. O motivo da magnitude desta operação, em particular, seria o de colocar um ponto final em ações criminosas desse tipo. Recado dado e armas encontradas, as tropas saem, aos poucos, de circulação e voltam ao que antes faziam, até que as armas sejam recuperadas. Entretanto, voltam com a esperança de que alguém os reconduza legalmente para as ruas com a finalidade de lutar, até às ultimas conseqüências, para tirar o Rio de janeiro de seu desespero.

E fica a pergunta: "Qual desses Exércitos que, em nome do Exército, está nas ruas do Rio?" Se for o do primeiro grupo, resta-nos chorar e assistir, impotentes, à chegada do pior. O pessoal do segundo grupo está nas academias ou nos bares das esquinas, malhando ou tomando chope com os amigos. Se for o do terceiro grupo, é mal, também, ainda que menos mal, pois, ficará tudo como dantes no quartel de Abrantes. O que a população gostaria que fosse, infelizmente, parece estar fora de cogitação. Quem sabe se lembram disso, na hora de votar, e optem por candidatos comprometidos com a questão da violência, sob o ponto de vista das Forças Armadas e não das ONGs que apregoam a "coitadização" dos criminosos? É uma opção.

Na verdade, a população gostaria de ver nas ruas o Exército dos homens do terceiro grupo, comprometidos com a Constituição e com o povo brasileiro. Alguém se atreveria a fazer um referendo sobre a possibilidade de a população decidir se gostaria que as FFAA colocassem um pouco de ordem nas Instituições, no Congresso e nos rumos sócio-político-econômicos do país? Mesmo que para isso tivessem que deixar de votar em candidatos e, por exemplo, tivessem que passar a votar, em referendos, sobre propostas de governo e de leis? Acho que poucos se atreveriam. E, por falar em povo, sabem por que não sai às ruas, como em 1964, para pedir que as FFAA recoloquem o país nos trilhos? Dizem por aí, em resposta aos de dentro das FFAA, de que é preciso uma manifestação clara da população para que estas venham em seu socorro, que as pessoas não vão às ruas por medo de acabarem como um tal de "Celso Dani...alguma coisa" ou levando chumbo dos criminosos e de quem os apóia. Será? E dizem também que, se chovessem avisos do céu garantido que nem uma coisa nem outra aconteceria, o Brasil inteiro sairia de casa para pedir por isso. Será?

Enquanto isso, os brasileiros assistem, desolados, os cidadãos de bem da Cidade Maravilhosa sitiados por "Estados de Poder Paralelo", que enfrentam o Exército brasileiro, com armas e homens, defendendo territórios que chamam de seus. Criminosos dizendo ao mundo que tomaram, ao Brasil, partes de seu território, sem que encontrassem quem os impedisse de fazê-lo. Diante de uma situação dessas, que dirão as ONGs dos direitos humanos sobre a responsabilidade que lhes cabe nesse quadro? O de sempre: "coitadizarão" os criminosos. Que dirão as esquerdas egocêntricas? Receberão os cidadãos brasileiros indenização por exílio ou aprisionamento – cercados por grades e portas de ferro, dentro de suas próprias casas – como as que recebem, hoje, (do Estado e com o dinheiro dos brasileiros) aqueles que, se não contribuíram com instrução terrorista, o fizeram com a sua conivência e omissão? Ficam no ar estas perguntas...

E, para infelicidade de todos, o CML acaba de anunciar que as armas roubadas foram encontradas. O sonho acabou...

Só para constar, a despeito de toda essa demonstração de eficiência, cumprindo os objetivos da missão, sem provocar a morte de nenhum brasileiro, o ministro Márcio Thomaz Bastos confirmou que Lula ordenou o generoso aumento de 59% para os agentes e de 76% para os delegados da Polícia Federal. Os militares obtiveram um reajuste de 23%, em duas parcelas, depois de anos sem um reajuste sequer: 13% no ano passado e, este ano, ainda estão à espera dos 10% restantes.

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